Joaquim Barata, Algarvio de gema, era um civil militarizado. Homem de família, honesto e de grandes valores. Vivia em Lisboa, mas assim que podia fugia para a terra e dedicava-se, entre outras coisas à pesca. Adorava passar tardes de cana em punho. Era teimoso que doía, mas um teimoso tão bom...
O meu avô morreu há 22 anos. Morreu de cancro, no dia de São Martinho.
O meu avô morreu há 22 anos. Morreu de cancro, no dia de São Martinho.
É assim que gosto de o recordar, é esta a memória que tenho guardada, ele sentado no seu sofá enquanto eu e o meu irmão fazíamos de comando de televisão. As crianças de hoje não sabem o que é ser um comando de televisão pois não?..
Foi ele que me comprou a minha primeira bicicleta, foi com ele que aprendi a andar sem rodinhas, era ele que estava à minha espera quando a campainha da escola tocava, foi parte integral da minha vida até ter partido.
Assim que a escola terminava, lá se carregava o carro e rumávamos em direção ao sul, na sua carrinha verde. Como eram boas estas viagens. Bem, nem tudo é perfeito e eu e o João juntos no mesmo metro quadrado dava chapada certa, podem imaginar as viagens não é?!
O meu Avô chamava-me de "Corna", sim isso mesmo., e eu adorava! Havia algo de carinhoso ali e eu que era uma fofinha derretia-lhe o coração como ninguém.
Os Avós querem-se na vida dos filhos, porque só aos Avós lhes é possível criar memórias destas.
Quando descobri que tinha um Pintainho no ventre, a escolha do nome foi fácil. O Pintainho chamaria-se Joaquim e teria o nome de um Homem Grande. Assim foi!
O Pintainho carrega com ele um nome de família, mas sem peso de coisas más, não foi essa a intenção. O Pintainho poderá contar, que tem o nome igual ao do Bisavô, que foi um Homem que criou todas estas memórias boas na mãe. Para mim os legados são estes, cheios de amor.
Dizem que São Martinho cheira a castanhas, mas para mim cheira a colo do Avô.
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