quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Pausa


Às vezes é preciso parar para respirar e organizar as coisas.

Já perceberam que tenho estado ausente, é preciso reorganizar por vários motivos. A casa nova, as novas rotinas do Pintainho, a nova vida a três e todas as coisas boas que estiveram em pausa estes cinco meses. Foi preciso entrar, fechar a porta fazer destas paredes como que se de um retiro se tratasse. Sim, estivemos em retiro, fechados, só os três.

Tenho estado ausente mas a trabalhar, nesta minha nova profissão de "bloguer" como gostam de lhe chamar.

Vou ali e já volto, mas vou ser breve, porque o sol brilha todos os dias, pelo menos por aqui, dentro destas paredes ainda por pintar.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

#atoressecundarios - A Cozinheira

Os meus tios não fazem a coisa por menos, e em vez de cozinharem com calminha, fizeram a refeição a dobrar. Confesso que se uma princesa foi dificíl, duas ao mesmo tempo… Já sabem não é?! Acabaram-me com o reinado!

Bom, trauma ultrapassado que a vida são dois dois dias.

Se me vão perguntar o porquê do texto da Tatiana ter saído primeiro que o da Magda, aviso já que o critério foi mesmo por ordem de chegada. Sim…. Existe uma tendência na comparação de gémeos, coisa que me irrita principalmente a “piada do jogo das diferenças”.

Podíamos ter muita coisa em comum, e facto até temos. A Magda tem uma grande facilidade em me desbloquear. Sabem que nos falta o ar e já não conseguimos reagir? Pois bem, ela desbloqueia-me e avança sem medos. É uma lufada de ar fresco, mesmo quando assume as rédeas da coisa.
Determinada, com sangue na guelra, com medos como é óbvio, mas que não a impedem de seguir em frente e lutar pelo que acredita.

Somos um bocadinho “parvas” e quero acreditar que temos um sexto sentido apurado. Durante alguns meses partilhámos o mesmo Ginecologista e, brincá-mos (também muitas vezes) que um dia teríamos um filho ao mesmo tempo. Descobrimos com uma semana de diferença que os cozinhados tinham dado frutos e ambas tínhamos um bolo no forno. Juro que não combinámos nada! Cada uma na sua casa, com a sua receita, com o seu ajudante de cozinha. Mas, já viram?! Que organizados!!!! Uma coisa é certa, arrumá-mos o assunto dos filhos nesta família por uns tempo. Vinham (e vieram) dois de uma só vez, com 15 dias de diferença e sempre deu para a malta de organizar nas visitas e etc. Querem sabem o melhor? O bolo dela é cor-de-rosa e o meu é azul!


Com ela partilhei uma gravidez, o bom e aquele mau que ninguém conta. Ainda hoje, o bom e o mau da maternidade, entre nós não filtro. Deu-me muito mais atenção a mim do que eu a ela. Com tudo o que se passou, sei que faltou muito da minha parte e não faltou nada da parte dela. Esteve sempre aqui, e eu nem por isso. Virei o centro das atenções e sinto que ela passou muito entre as pingas da chuva. Desculpa por isso! Gosto muito de ti!


Esta é a Magda:

> Quem é a Magda?
Boa pergunta...  Não é fácil falar de nós próprios! A Magda é uma pessoa simples, amiga do amigo, aquela amiga que sabe ouvir e não mandar a baixo. Uma pessoa normal!

> És Designer e mãe de uma Princesa com menos 15 dias que o meu Pintainho. Sentes que os desafios da maternidade põem à prova a profissional que há em ti?
É verdade, é um teste porque eles exigem muito de nós e esta princesa em especial exige mesmo muito! Desde muito cedo que usa pilhas Duracell, mas é tão bom!!! Por isso a nível profissional é preciso muito mais concentração e um esforço redobrado para fazer tudo como fazia até ela aparecer! Mas é muito gratificante conciliar estas duas tarefas!!

> O nosso avô morreu de cancro, o teu pai teve um cancro e agora eu tive um cancro. Existe alguma coisa que nos prepare para lidar com isto de perto?
Não, acho que nunca estamos preparados para estas situações e nunca vamos estar. Do avô não tenho muitas memórias mas posso dizer que tanto no caso do meu pai como no teu foram vocês que me deram forças para não desanimar apesar de eu acreditar sempre que iam ultrapassar! Eu sou muito positiva e acho sempre que há uma solução boa para tudo mas nestas coisas há sempre, nem que seja num pensamento muito distante, um momento em que nos passa pela cabeça que pode acontecer o pior... É tu se calhar achavas que não sabias lidar mas lidas-te muito bem! Foste FORTE e mostras-te-nos a todos como é possível gerir tudo que te estava a acontecer de cabeça erguida! 

> Como é ser prima de alguém que é portador de um cancro?
É uma sensação de "parece impossível", ela é tão nova não pode ser... É sentir que podia ser comigo, porque não...? Mas ao mesmo tempo é ver como és forte, como te transformas te numa pessoa mais forte, sei que tiveste muitos momentos que te devia passar tudo pela cabeça (que não querias demonstrar) mas nunca baixas-te os braços, foi muita coisa a passar-se ao mesmo tempo e tinhas de arranjar forças e tu tiveste essa força! És uma mulher com M grande!! 

> Vivemos a gravidez de mãos dadas. Como foi para ti saber tudo o que me estava a acontecer?
No início nenhuma de nós imaginava o que se ia passar... Foi tão engraçado, antes brincávamos que ainda acontecia e não é que aconteceu mesmo!!?! Tínhamos as 2 um bolo no forno   ao mesmo tempo!! Mas no decorrer da gravidez eu ia tendo sempre boas notícias e a ti volta não volta lá vinha uma noticia menos boa... Nas primeiras vezes acreditei que ficava por ali e que o que tinham detectado no pintainho ia ser ultrapassado. Mas as notícias menos boas não paravam de cada vez que ias a uma consulta. Era um misto de sentimentos... Ficava muito feliz por mim porque estava a correr tudo bem mas ao mesmo tempo sentia um calafrio de pensar naquilo que estarias a sentir com as notícias que ias tendo. Até que chegou o dia de dizeres que tinhas alguma coisa na mama e ias fazer uma biopsia... A primeira coisa que me veio à cabeça era que fosse leite e quis que acreditasse nisso até saberes o resultado, eu pensei muitas vezes que podia ser leite e não seria nada de grave mas afinal a tua intuição estava certa... Mas como em tudo o que te aconteceu tu ias-te a baixo mas arranjavas logo forma de arranjar forças e fazer o que havia a fazer. Sei que em algumas alturas se calhar não estavas assim tão calma mas querias parecer! 

> Foste das primeiras pessoas que me viu careca. Como foi para ti esta mudança?
Confesso que não me causou qualquer impressão, ficaste linda! Mas percebo perfeitamente que o cabelo é um "pormenor" muito importante na nossa auto-estima, falo eu que sou paranóica com o cabelo (se calhar é de família ). Mas tu mais uma vez foste forte e fizeste de uma forma drástica antes que começa-se a cair mais, não esperas-te que o João te fosse cortar. Não queria acreditar quando disseste como tinhas feito sozinha. Acredito que tenha custado muito.

> És minha prima, acompanhas-te de perto todo este processo. O que dirias a alguém que se encontra na mesma posição que tu?
Acho que não há muito que se possa dizer a não ser que dê todo o apoio que for preciso e possível, que saiba ouvir apenas se a outra pessoa não quiser que lhe façam perguntas. Basicamente tentar perceber quais as necessidades da pessoa doente e seguir o coração! 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Por esta hora

Há um ano, por esta hora estava numa sala de partos no Hospital Beatriz Ângelo. Carregadinha de anestesia, sem dormir há mais de 24h, e num turbilhão de emoções que não sei explicar. Se por um lado estava desejosa em te conhecer, por outro tinha gravada toda a dor de uma biopsia poucas horas antes e as vozes dos médicos que só repetiam que "estavam muito preocupados e não queriam perder tempo".
Não era suposto ser assim. Nada nos prepara para ser assim. Mas foi assim!
Teimas-te em não nascer numa sexta-feira 13, não te critico, também gosto mais de números pares e o 14 fica perfeito em ti.


Depois de mais de 24h o Pintainho lá resolveu dar o ar de sua graça mas como estava bem lá dentro teve de ser arrancado a ferros e o Super-Homem não pôde assistir ao seu nascimento, apesar de ter entrado muito pouco tempo depois.
Eram 9:46h quando o Pintainho conheceu o mundo. Pequenino, com apenas 42cm, mas um verdadeiro boneco onde tudo lhe ficava ridiculamente grande.
Às 9:46h a nossa vida mudou para sempre, já não éramos só dois, éramos dois e mais um bocadinho fofinho.

Ainda no recobro tive a confirmação de que tinha cancro de mama. Quando ouvi avisarem de duas camas livres na enfermaria e a médica manda a "a menina do cancro de mama" (e outra). Sabia que era eu. Sim, foi assim que eu soube o que significavam as palavras "estamos muito preocupados".
Apesar disto, não o contei a ninguém, nem ao Super-Homem, preferi contar mais tarde e deixa-lo desfrutar daquele momento.

Hoje, quase um ano depois, recordei com um arrepio na espinha todos aqueles momentos, todo aquele turbilhão de emoções que julgava bem guardados.
Hoje, olho para o Pintainho e vejo com cresceu. Não estou em mim, como é que é possível já ter passado um ano?? Ainda ontem era um bebé pequenino e hoje já fala...
Bem, não é só ele que está de parabéns, eu e o Super-Homem conseguimos mante-lo bem de saúde durante 12 meses. Acho que passámos no teste não?!
Já agora, parabéns só depois das 9:46h que eu sou um bocado supersticiosa!