Os meus tios não fazem a coisa
por menos, e em vez de cozinharem com calminha, fizeram a refeição a dobrar.
Confesso que se uma princesa foi dificíl, duas ao mesmo tempo… Já sabem não é?!
Acabaram-me com o reinado!
Bom, trauma ultrapassado que a
vida são dois dois dias.
Se me vão perguntar o porquê do
texto da Tatiana ter saído primeiro que o da Magda, aviso já que o critério foi
mesmo por ordem de chegada. Sim…. Existe uma tendência na comparação de gémeos,
coisa que me irrita principalmente a “piada
do jogo das diferenças”.
Podíamos ter muita coisa em
comum, e facto até temos. A Magda tem uma grande facilidade em me desbloquear.
Sabem que nos falta o ar e já não conseguimos reagir? Pois bem, ela
desbloqueia-me e avança sem medos. É uma lufada de ar fresco, mesmo quando assume
as rédeas da coisa.
Determinada, com sangue na guelra,
com medos como é óbvio, mas que não a impedem de seguir em frente e lutar pelo
que acredita.
Somos um bocadinho “parvas” e
quero acreditar que temos um sexto sentido apurado. Durante alguns meses
partilhámos o mesmo Ginecologista e, brincá-mos (também muitas vezes) que um
dia teríamos um filho ao mesmo tempo. Descobrimos com uma semana de diferença
que os cozinhados tinham dado frutos e ambas tínhamos um bolo no forno. Juro
que não combinámos nada! Cada uma na sua casa, com a sua receita, com o seu
ajudante de cozinha. Mas, já viram?! Que organizados!!!! Uma coisa é certa,
arrumá-mos o assunto dos filhos nesta família por uns tempo. Vinham (e vieram)
dois de uma só vez, com 15 dias de diferença e sempre deu para a malta de
organizar nas visitas e etc. Querem sabem o melhor? O bolo dela é cor-de-rosa e
o meu é azul!
Com ela partilhei uma gravidez, o
bom e aquele mau que ninguém conta. Ainda hoje, o bom e o mau da maternidade,
entre nós não filtro. Deu-me muito mais atenção a mim do que eu a ela. Com tudo
o que se passou, sei que faltou muito da minha parte e não faltou nada da parte
dela. Esteve sempre aqui, e eu nem por isso. Virei o centro das atenções e
sinto que ela passou muito entre as pingas da chuva. Desculpa por isso! Gosto
muito de ti!
Esta é a Magda:
> Quem é a Magda?
Boa
pergunta... Não é fácil falar de nós próprios! A Magda é uma pessoa
simples, amiga do amigo, aquela amiga que sabe ouvir e não mandar a baixo. Uma
pessoa normal!
> És Designer e
mãe de uma Princesa com menos 15 dias que o meu Pintainho. Sentes que os
desafios da maternidade põem à prova a profissional que há em ti?
É verdade, é um
teste porque eles exigem muito de nós e esta princesa em especial exige mesmo
muito! Desde muito cedo que usa pilhas Duracell, mas é tão bom!!! Por isso a
nível profissional é preciso muito mais concentração e um esforço redobrado
para fazer tudo como fazia até ela aparecer! Mas é muito gratificante conciliar
estas duas tarefas!!
> O nosso avô
morreu de cancro, o teu pai teve um cancro e agora eu tive um cancro. Existe
alguma coisa que nos prepare para lidar com isto de perto?
Não, acho que nunca
estamos preparados para estas situações e nunca vamos estar. Do avô não tenho
muitas memórias mas posso dizer que tanto no caso do meu pai como no teu foram
vocês que me deram forças para não desanimar apesar de eu acreditar sempre que
iam ultrapassar! Eu sou muito positiva e acho sempre que há uma solução boa
para tudo mas nestas coisas há sempre, nem que seja num pensamento muito
distante, um momento em que nos passa pela cabeça que pode
acontecer o pior... É tu se calhar achavas que não sabias lidar mas lidas-te
muito bem! Foste FORTE e mostras-te-nos a todos como é possível gerir tudo que
te estava a acontecer de cabeça erguida!
> Como é ser prima de alguém que é portador de
um cancro?
É uma sensação de
"parece impossível", ela é tão nova não pode ser... É sentir que
podia ser comigo, porque não...? Mas ao mesmo tempo é ver como és forte, como
te transformas te numa pessoa mais forte, sei que tiveste muitos momentos que
te devia passar tudo pela cabeça (que não querias demonstrar) mas nunca
baixas-te os braços, foi muita coisa a passar-se ao mesmo tempo e tinhas de
arranjar forças e tu tiveste essa força! És uma mulher com M grande!!
> Vivemos a gravidez de mãos dadas. Como foi
para ti saber tudo o que me estava a acontecer?
No início nenhuma de
nós imaginava o que se ia passar... Foi tão engraçado, antes brincávamos que
ainda acontecia e não é que aconteceu mesmo!!?! Tínhamos as 2 um bolo no
forno
ao mesmo
tempo!! Mas no decorrer da gravidez eu ia tendo sempre boas notícias e a ti volta
não volta lá vinha uma noticia menos boa... Nas primeiras vezes acreditei que
ficava por ali e que o que tinham detectado no pintainho ia ser ultrapassado.
Mas as notícias menos boas não paravam de cada vez que ias a uma consulta. Era
um misto de sentimentos... Ficava muito feliz por mim porque estava a correr
tudo bem mas ao mesmo tempo sentia um calafrio de pensar naquilo que estarias a
sentir com as notícias que ias tendo. Até que chegou o dia de dizeres que
tinhas alguma coisa na mama e ias fazer uma biopsia... A primeira coisa que me
veio à cabeça era que fosse leite e quis que acreditasse nisso até saberes o
resultado, eu pensei muitas vezes que podia ser leite e não seria nada de grave
mas afinal a tua intuição estava certa... Mas como em tudo o que te aconteceu
tu ias-te a baixo mas arranjavas logo forma de arranjar forças e fazer o que
havia a fazer. Sei que em algumas alturas se calhar não estavas assim tão calma
mas querias parecer!
> Foste das primeiras pessoas que me viu
careca. Como foi para ti esta mudança?
Confesso que não me
causou qualquer impressão, ficaste linda! Mas percebo perfeitamente que o
cabelo é um "pormenor" muito importante na nossa auto-estima, falo eu
que sou paranóica com o cabelo (se calhar é de família
). Mas tu mais uma vez
foste forte e fizeste de uma forma drástica antes que começa-se a cair mais,
não esperas-te que o João te fosse cortar. Não queria acreditar quando disseste
como tinhas feito sozinha. Acredito que tenha custado muito.
> És minha prima,
acompanhas-te de perto todo este processo. O que dirias a alguém que se
encontra na mesma posição que tu?
Acho que não há
muito que se possa dizer a não ser que dê todo o apoio que for preciso e
possível, que saiba ouvir apenas se a outra pessoa não quiser que lhe façam perguntas.
Basicamente tentar perceber quais as necessidades da pessoa doente e seguir o
coração!
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