Portugal está de luto!
Desde sábado andamos de coração nas mãos, não creio que pelo fogo em si, mas pelas dimensões que atingiu e pelas vidas de levou consigo. Famílias que foram só passar um fim de semana e nunca mais voltaram, moradores isolados, velhinhos a serem evacuados em que nas mãos só cabiam os medicamentos, pessoas que perderam tudo o que conquistaram durante uma vida, paisagens outrora verdes e agora pretas. Entrar no carro e não olhar para trás...
O ano passado estava com o Super-Homem e alguns familiares na Serra da Freita, tinha na altura o Pintainho na barriga. As paisagens eram de cortar a respiração. Poucas horas depois de lá ter estado o parque de campismo é evacuado e a serra ardeu quase por completo.
Uns dias depois, já em Santa Eulália, Seia, deflagraram vários incêndios. Nós de olhos postos no site dos incêndios, quando o fogo se aproxima e os aviões começam a ficar mais próximos e a passarem bem por cima de nós. Os sinos da igreja tocaram em tom de alarme, arrumámos as coisas essenciais e ficámos alerta.
Não era a nossa hora!
Infelizmente, no sábado foi a hora de muitos. Homens, mulheres e crianças. Deus não os poupou. Já não estão cá, já não voltam para casa. Quero acreditar que as casa e colos vazios devem-se a algo maior, porque aqui, onde estamos e onde vivemos não faz sentido. Não encontro sentido para tamanho sofrimento.
Desde sábado que assistimos impotentes a esta ceifa, à luta de quem combate os fogos, mas continuamos a viver, embora de olhos cheios de água e com um nó na garganta. Somos tão impotentes não somos? Seja por doença, catástrofes ou causas naturais, não adianta contornar ou fugir, não podemos controlar. Quando chega a nossa hora não há nada a fazer, ele decide por nós. O Deus que nos consola a alma e em quem confiamos os nossos pedidos ou agradecimentos, também é aquele que nos leva para junto dele.
Permitam-se sofrer e fazer o luto, mas também permitam-se viver, seguir em frente. Agarrem nos Pintainhos, Super-Homens e Super-Mulheres e não se poupem em mimos, colos, beijos longos e abraços apertados. Permitam-se sair e viajar. Permitam-se viver sem culpa. Não há nada que possa fazer. Não tenham medo, a vida é boa e permitam-se viver porque a vossa hora ainda não chegou!
Fotografia: Notícias ao Minuto
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