Em outubro, quando o médico me mandou para casa para o pintainho ficar grande e forte, disse à minha Cátia, "Até já. Eu vou ali mas volto". Pensava eu que voltaria em junho, na pior das hipóteses julho...
Eu até gostava de trabalhar, aquela correria, o entra e sai... Gostava daquilo. Mas agora não sei quando volto.
Na quinta feira voltei por um bocadinho, fui com o pintainho a duas consultas. Algumas caras novas, muitas cara habituais, o mesmo cheiro e a mesma azáfama. Muitos abraços e beijinhos dos bons e muita conversa para pôr em dia.
Assim como eu não me esqueci, eles também não se esqueceram.
Não foi a primeira vez que lá entrei desde outubro, mas desta vez foi diferente. Ao olhar para aquele corredor, vi-me a mim naquela mesma azáfama. Recordei com carinho e saudade todas as horas que lá passei. As pausas para café, os utentes que nos cumprimentavam e até os que gostavam de ignorar a nossa presença. Recordar foi como se estivesse a acontecer novamente, como se eu tivesse voltado a viver. Era eu novamente. Vi tudo com outros olhos.
Entrar ali na quinta feira foi como se voltasse a respirar. Saí da bolha e não me lembrei que carregava um Gervásio. Foi como se só tivesse sido mãe.
A vida pregou-me esta partida, de mau gosto convínhamos, e agora não sei quando volto. Quando voltar serei de certo diferente, não serei igual à que saiu. Irei saborear as coisas boas e ignorar tudo o resto.
Apesar de não saber o que a vida me reserva, não digo adeus, não para já.
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